O Centro de Portugal: Um Epicentro Cultural

30 out 2023

Não existe país sem cultura; esta é uma premissa inquestionável. Mas o que define a cultura? No coração do país, a resposta é ampla, englobando a todos e estando disponível para todos. Do legado da arte antiga e sacra à expressão vibrante da arte urbana que adorna as ruas; da arquitetura industrial aos museus que contam as histórias desta região; da inovação artística ao património centenário reconhecido pela UNESCO, no Centro de Portugal, todos encontram um caminho para explorar a cultura que mais os cativa.

Cultura à Solta pelas Ruas

No Centro de Portugal, encontrará verdadeiras cidades-museus, locais que se assemelham a galerias de arte ao ar livre, onde obras surpreendentes e a identidade criativa e cultural dos seus habitantes são expostas em plena luz do dia. Estas cidades, como a encantadora Ovar, oferecem um verdadeiro museu a céu aberto, graças aos seus azulejos. Mais de 800 painéis de azulejos enfeitam as suas ruas, bem conservados desde o século XIX. Pode perder-se entre essas ruas e as cores variadas dessas obras, que vão muito além do tradicional azul e amarelo, exibindo a diversidade da indústria de azulejos na região de Aveiro. Não deixe de visitar o Atelier de Conservação e Restauro do Azulejo e a Igreja Matriz de Santa Maria de Válega, uma estrutura singular e deslumbrante que o surpreenderá.

A apenas 20 minutos de carro, a arte urbana de Estarreja oferece uma experiência diferente, graças ao Festival ESTAU, que abre espaço para artistas nacionais e internacionais. Bordalo II, Tiago Galo, Marina Capdevila e Milo, para citar apenas alguns. Comece pelo mural do mundialmente famoso artista Vhils: o retrato da D. Florinda, uma das agricultoras que mantém o cultivo tradicional de arroz em Esteiro de Salreu, na Ria de Aveiro. A técnica de picotar a parede é a assinatura de Vhils e é inconfundível no mundo da arte urbana. A partir daí, explore a cidade e descubra mais obras surpreendentes.

A cultura também floresce na Figueira da Foz, em Cantanhede e Mira, onde o mar é o elemento unificador. A iniciativa "Mar que nos Une" deu origem a três obras de Bordalo II, o artista ecológico. Em Cantanhede, na Praia da Tocha, encontrará a "Belemnite", no edifício do CIAX - Centro de Interpretação da Arte Xávega. Em Mira, a obra "O Borralho" atrai a atenção, e no Cabo Mondego, na Figueira da Foz, a "Amonite" faz referência a um grupo extinto de moluscos que habitou a região há milhares de anos.

Na Região de Leiria, o Festival Fazunchar é responsável por encher anualmente as ruas de Figueiró dos Vinhos com murais de renomados pintores e artistas emergentes. Esta intensa expressão artística proporciona um novo dinamismo e cores às paisagens urbanas e rurais da região. Essas obras, à vista de todos, são verdadeiramente deslumbrantes.

Leiria apresenta o "Leiria, Paredes com História" e Viseu oferece o "Festival Street Art de Viseu". Ambos levam-nos a rotas de arte urbana que revelam desafiadoras e impressionantes criações que homenageiam e enaltecem o valor do território. Os trabalhos, criados por artistas como Vhils, Bordalo II, Add Fuel, PichiAvo, Os Gêmeos, Draw e Contra, Sebas Velasco e Zoer, Akacorleone, Ricardo Romero, Daniel Eime e Nuno Viegas, entre outros, iluminam as ruas dessas cidades, criando um espetáculo visual que não pode perder.

O festival de arte urbana mais antigo de Portugal, o WOOL, pertence à Covilhã. O nome faz referência à indústria da lã, um setor que reúne anualmente artistas de todo o mundo para pintar murais, grafitar paredes e realizar outras intervenções artísticas que celebram o rico passado da cidade como um dos mais importantes centros de produção de lanifícios do país.

O Festival Artístico de Linguagens Urbanas (FALU) em Caldas da Rainha e o Com-Templ.-Arte em Tomar também são exemplos notáveis de como a arte contemporânea está a dar uma nova vida às paisagens urbanas e rurais da região. Vale a pena visitar essas cidades e testemunhar a transformação artística que está em constante evolução.

Museus Inesperados

Começamos com um projeto verdadeiramente único - o Museu a Céu Aberto, o pioneiro da arte contemporânea na paisagem: o "Experimenta Paisagem". Este é um conjunto de itinerários que o levarão a lugares inspiradores na paisagem da Beira Baixa, onde obras de arte contemporâneas interagem com a natureza. As "Obras de Arte da Cortiçada" incluem "Moongate" em Oleiros, "Farol dos Ventos" em Proença-a-Nova e "Véu" na Sertã. Além disso, as "Rotas das Linhas de Água" oferecem as incríveis "Menina dos Medos" em Sobral Fernando e "Magma Cellar" em Cunqueiros, ambos no concelho de Proença-a-Nova.

Se o mundo dos brinquedos e do brincar o fascina, então não pode deixar de visitar o Museu do Brincar em Vagos. Com um acervo composto por milhares de peças, desde brinquedos de fabrico português a brinquedos estrangeiros, passando por material escolar, mobiliário, trajes de época e espaços lúdicos como uma escola do Estado Novo, um teatro, um atelier e muito mais, este museu oferece uma visão abrangente do universo do brincar.

No Museu LOAD ZX Spectrum, situado na cidade de Cantanhede, terá uma viagem no tempo até ao início da informática pessoal. Este espaço é inteiramente dedicado ao ZX Spectrum, um computador pessoal lançado em 1982 que introduziu milhões de pessoas à informática e à programação. O museu alberga uma coleção de mais de 1.500 itens, incluindo computadores, jogos, revistas, manuais e outros objetos relacionados com o ZX Spectrum. É um local imperdível para os amantes de retrogaming e informática.

A seguir, suba a bordo de uma locomotiva e embarque numa viagem através de mais de 160 anos de história ferroviária em Portugal. Sabia que pode almoçar dentro de uma carruagem? O Museu Nacional Ferroviário, no Entroncamento, proporciona essa experiência única. O museu ocupa as antigas Oficinas do Vapor desta cidade, cobrindo uma área de 4,5 hectares (aproximadamente seis campos de futebol) e 19 linhas ferroviárias, transmitindo a inesquecível memória das Antigas Oficinas do Vapor, com suas máquinas, sons, cores e aromas.

No edifício Arte Nova, uma joia arquitetónica em si, fala-se sobre bicicletas. O Museu do Ciclismo, inaugurado em 2009, preserva a forte ligação desta modalidade com a cidade de Caldas da Rainha. Aqui poderá explorar bicicletas antigas, uniformes, troféus e mergulhar na história do ciclismo em Portugal, sem esquecer as icónicas bicicletas óticas, a casa na árvore ou o castelo, onde grandes aventuras aguardam. Não muito longe, em Torres Vedras, encontra o Museu do Ciclismo Joaquim Agostinho, que celebra a memória do ciclista torriense e promove o ciclismo como desporto e atividade social. A visita a este museu é uma verdadeira viagem no tempo.

O Museu das Duas Rodas, localizado no Centro de Alto Rendimento de Anadia, em Sangalhos, é dedicado à história local, nacional e internacional da bicicleta e da motorizada. Este museu é uma riqueza de documentos e uma coleção impressionante de peças e acessórios raros que contam a história desses meios de transporte. Com mais de 150 veículos em exposição, incluindo bicicletas, motorizadas, triciclos e quadriciclos, este museu é uma visita obrigatória para os entusiastas da bicicleta e da motorizada. Um dos veículos mais antigos em exposição é uma bicicleta do século XIX.

A oferta de museus e centros de interpretação no Centro de Portugal é vasta e variada. Cada um deles oferece uma perspetiva única da história e cultura da região.

 

Fonte: observador.pt

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