Sobejamente conhecido pela inegável beleza natural das suas paisagens, o território correspondente, na actualidade, ao concelho de São Pedro do Sul encerra diversos testemunhos arqueológicos que evidenciam bem a diversidade e a excelência dos recursos cinegéticos que sempre ofereceu às diferentes comunidades humanas que o percorreram e procuraram para nele sobreviverem e se fixarem.
De entre a multiplicidade de elementos arquitectónicos que ostenta, sobressai a "Ponte de Manhouce", situada na Vila que lhe deu nome, sobre o rio com a mesma designação, afluente do Rio Teixeira.
Embora se aponte o período que mediou entre os finais do século II a. C. e os inícios do século I d. C. para a construção da primitiva ponte, possivelmente projectada no âmbito da denominada Via Cale ("Estrada Imperial") destinada a ligar localidades tão importantes da Península Ibérica romanizada, como Bracara Augusta (Braga) e Emerita Augusta (Mérida), passando por Viseu, e de cujo traçado inicial se preserva um troço situado, precisamente, junto à ponte, a verdade é que estaremos, antes de mais, perante uma obra de finais do século XVII que terá reutilizado parte da edificação preexistente, numa comprovação da lógica da sua localização, ao estabelecer a ligação entre duas margens, entre, no fundo, o interior do país e um litoral mais longínquo.
Trata-se, por conseguinte, de uma ponte granítica (com cerca de 18,50m de comprimento) de um único arco robusto e simples de volta perfeita assente em alicerces rochosos e pavimento de terra batida, apresentando guardas compostas de uma única fiada de pedras aparelhadas e três blocos com orifícios quadrangulares de ambos os lados do intradorso do arco, a cerca de um metro acima da linha de água.
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Fonte: http://www.patrimoniocultural.gov.pt/