Trata-se de um dos complexos termais de origem romana mais importantes e bem conservados dos existentes no país, com uma utilização contínua ao longo de 2000 anos e que sempre se constituiu no grande motor do desenvolvimento regional.
Aos romanos se deve a construção inicial do balneum, que, através da análise dos aparelhos utilizados no levantamento dos alçados, o fizeram em dois momentos: uma 1ª fase de construção no século I d. C. e uma 2ª fase, coincidindo com a conclusão do edifício, nos finais do mesmo século, com a arqueologia a deixar a descoberto piscinas, canais de escoamento de águas, colunas, fustes e capiteis, lápides epigrafadas, revestimentos e construções.
A assinalar a época medieval surge a designação Piscina D. Afonso Henriques, conjunto de edificações do século XII assentes em estruturas romanas pré existentes, promovidas pelo rei conquistador, que frequentou os banhos locais após a fractura sofrida na malograda batalha de Badajoz (1169), aqui estabelecendo paço real juntamente com o filho Sancho (futuro rei D. Sancho I), as filhas Teresa e Urraca e toda a cúria régia, com eles reunindo e decidindo importantes políticas nacionais.
No século XVI, o rei D. Manuel I abonou fundos para que se convertesse o velho edifício medicinal em Real Hospital das Caldas de Lafões, frequentando igualmente os banhos para se curar de um mal de pele.
Nos finais do século XIX, ao longo de 4 temporadas, o lugar foi procurado pela última rainha de Portugal, D. Amélia de Orliães, que ali realizou tratamentos e deixou a marca da sua passagem no novo edifício balnear que então se construiu, descontinuando assim o uso do antigo balneário romano.
O velho edifício ainda serviu de instalações para a instrução primária e depósito de materiais, mas o descuido e progressivo abandono levou à sua rápida degradação, sobretudo ao desabamento provocado pelas cheias no Vouga em 1995.
O que mais realçamos e que confere uma importância excepcional a este conjunto patrimonial é o seu carácter único no país e o seu aproveitamento contínuo ao longo de dois mil anos. Nas suas ruínas, apesar do aspecto caótico, é possível identificar as várias intervenções arquitectónicas realizadas no decurso dos tempos: as estruturas, aparelhos e elementos da construção romana, as remodelações operadas na época medieval, as intervenções arquitectónicas manuelinas incrementadas no renascimento, as alterações delineadas durante os séculos XVII e XVIII e as últimas reformas no século XIX. E tudo isto visível num só edifício balnear/medicinal, constituindo-se numa peça patrimonial e histórica de inegável valor nacional. Não existe outro com as mesmas características em Portugal.
Encontra-se classificado como Monumento Nacional através do Dec. n.º 28 536, DG, I Série, n.º 66, de 22-03-1938, e há muito tempo que merecia a valorização histórica, arqueológica, patrimonial e cultural que se lhe reconhece.
Fonte: http://www.cm-spsul.pt/