Vila Africana (Ílhavo)

O Município de Ílhavo, rico em património arquitectónico, concentra no centro da cidade alguns belos exemplares de edifícios “estilo” Arte Nova. Localizado no n.º 135 da antiga Estrada Nacional 109, encontra-se uma bela vivenda cujo estilo se insere no chamado Arte Nova, tendo sido projectada pelo desenhador-pintor aveirense José de Pinho. A exuberância do seu exterior, principalmente na sua fachada, contrasta com o interior que se encontra muito descaracterizado conservando, da estrutura original, apenas as portas de madeira, com bandeira superior e vidros coloridos. Como nas casas tradicionais tem uma fachada para o público e guarda todo o resto para o privado. Na fachada deste Vila pode observar-se um equilibrado jogo de planos com cantaria de boa execução e desenho, conjugado com as cores do azulejo, sobretudo o dos frisos em ritmado efeito floral de fino gosto, e de serralharia singela mas bem desenvolvida em temática linear e florar que corre no gradeamento. Na fachada principal, a entrada é feita através de um duplo lanço de escadas, paralelo ao frontispício, protegido por uma gradaria de formas orgânicas, muito ao gosto Arte Nova. Antecede a entrada um alpendre suportado por colunas profusamente decoradas. Um friso de azulejos de motivos florais percorre todo o edifício junto à cornija. A porta oval do piso térreo relaciona-se com a janela superior, decorada por elementos de inspiração natural e uma máscara central. A forma oval repete-se no vão de dimensões reduzidas que coroa o corpo mais alto, uma espécie de torreão, com remate em coruchéu. Sobre a referida janela, um painel de azulejo envolto por folhagem, exibe a designação da casa. Do lado oposto abre-se uma outra janela geminada. Esta fachada Arte Nova contrasta vivamente com as restantes, bastante mais depuradas. Tal diferença deve-se à interrupção das obras da casa, em consequência da I Guerra Mundial. Na verdade, a Vila Africana foi erguida entre 1907 e 1908 a expensas do Dr. José Vaz, que encomendou o projecto arquitectónico ao pintor e decorador regional José de Pinho, com várias outras obras nas proximidades. O eclodir da Grande Guerra levou à interrupção dos trabalhos, recomeçados anos mais tarde, mas certamente com menos recursos do que os iniciais e já numa outra conjuntura (Processo de Classificação, IPPAR/DRC). O seu nome vem do facto deste senhor ter desempenhado funções administrativas em Cabo Verde, nomeadamente na Parceria Marítima Africana. Na envolvente deparamos com um jardim luxuriante e uma fachada onde as janelas e o alpendre são envolvidos por elementos vegetais e personagens de pedra que nos espiam e nos acolhem. O terreno em torno da casa é protegido por um muro, de cantaria e grades também Arte Nova, conferindo uma grande unidade ao projecto. Situada em Ílhavo, esta habitação unifamiliar impõe-se pela sua volumetria pouco uniforme, pela organicidade de alguns dos vãos, e pelo notável conjunto de cantarias trabalhadas que exibe, a par de azulejos de diversas tonalidades e motivos. Fonte: www.cm-ilhavo.pt

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